Escola de Toronto de Comunicação

HISTÓRIA E CONTEXTO:

“Mais ou menos na mesma época em que, na sociologia da comunicação americana se afirmava o “paradigma dominante”, funcionalista e centrado na problemática dos “efeitos” das mensagens mediáticas, emergia, no Canadá, a chamada Escola de Toronto que, tendo em Harold Innis e Marshall McLuhan dois dos seus principais representantes, desloca o centro de interesse dos estudos de comunicação das mensagens dos media – dos seus “conteúdos” e “efeitos” – para os media propriamente ditos.” (SERRA, 2007, p. 82)

TAMBÉM CONHECIDA COMO:
  • Escola de Toronto de Comunicação / Toronto School of Communication
  • Ecologia dos Meios / Media Ecology
  • Escola de Nova Iorque / New York School of Communication
  • Teoria do Meio / Medium Theory
PRESSUPOSTOS CENTRAIS:

As características da sociedade estão diretamente ligadas aos meios de comunicação dominantes, cada um com o seu próprio viés (tendência).

  • Aldeia Global
  • O meio é a mensagem
  • Os meios de comunicação como extensões do homem
  • O viés da Comunicação – Espaço/Tempo (Innis) Espaço Visual/Espaço acústico (McLuhan)
  • Monopólios do Conhecimento
PRINCIPAIS AUTORES(AS):

Primários: Harold Adams Innis, Marshall McLuhan
Secundários: Eric Havelock, Walter Ong, Edmund Carpenter, Neil Postman, Eric McLuhan

Modelo conceitual:
Métodos usuais:

Análise comparativa histórica das características dos meios de comunicação e as alterações no ambiente social (instituições, relações interpessoais e percepção e psicologia humana)

Escopo e aplicação:

“A análise do meio foca atenção naqueles aspectos relativamente fixados de um dado meio (ou de um tipo geral de mídia) que torna uma certa comunicação única e distingue-a de outros veículos e da interação face a face.

Tipo de informação sensitiva transportada; unissensorial ou multissensorial
(visual, oral, olfativa, etc)

A forma da informação em de cada sentido
(p.ex. figura x palavra escrita; clique da máquina vs. voz)

grau de definição, resolução, fidelidade
(p.ex. uma voz no rádio está mais próxima de uma voz ao vivo do que um close-up de uma face na TV)

unidirecional x bidirecional x multidirecional
(p.ex. rádio x telefone x conferência por computador on-line)

simultâneo x seqüência bidirecional
(p.ex. ouvir a resposta de outra pessoa quando ela fala ao telefone x CB turn taking)

rapidez e medida de rapidez na codificação, disseminação, e decodificação o grau de facilidade / dificuldade para aprender a codificar e decodificar e numerar e tipificar os estágios da aprendizagem
(p.ex. aprender a ler vs. aprender a escutar rádio)” (MEYROWITZ, 2001, p. 95)

Exemplo:

“Uma afirmação geral era a de que quanto mais os nossos sentidos estão envolvidos no processo de retirar significados (quanto mais os media se tornam «frios» ou sem fricção, ao contrário dos media «quentes», de um só sentido), mais envolvente e participativa é a experiência. De acordo com este ponto de vista, experienciar o mundo lendo textos escritos é isolarmo-nos e não nos envolvermos (encorajando a atitude racional e individual)” (MCQUAIL, 2003, p. 109).

“Por exemplo, considerava a passagem da pedra para o papiro como causadora da mudança do poder régio para o sacerdotal. Na antiga Grécia, a tradição oral e um alfabeto flexível favoreceram a criatividade e a diversidade e evitaram a emergência de um sacerdócio com monopólio sobre a educação. A fundação e a manutenção do Império Romano foram apoiadas por uma cultura de escrita e por documentos onde se podiam basear as instituições legais-burocráticas, capazes assim de administrar províncias distantes. A imprensa, por sua vez, desafiou o monopólio burocrático do poder e encorajou o individualismo e o nacionalismo.” (MCQUAIL, 2003, p. 88).

“Para Innis, a utilização preferencial de um determinado meio de comunicação gera uma organização diferente da sociedade – a comunicação é não apenas o motor do desenvolvimento econômico; é também o motor da própria história. Para Innis, a aparição do papel e o surgimento da tipografia Gutenberguiana conduziram ao reforço ou aparecimento das identidades nacionais e até ao nacionalismo, já que a imprensa (mais) rapidamente informa as pessoas do que acontece num país e a burocracia possibilita não só a chegada das mesmas ordens e instruções a todo o território como também a partilha de direitos e deveres.” (SOUSA, 2006, p. 436).

Principais textos:

INNIS, Harold A.. The Bias of Communication. Toronto: University of Toronto Press. 1951.
INNIS, Harold A.. Empire and Communications. Toronto: University of Toronto Press, 1950.
McLUHAN, Marshall. Understanding media: The extentions of men. New York: McGraw-Hill, 1964.

Principais textos em português:

McLUHAN, Marshall. Os meios de Comunicação como extensões do homem. São Paulo: Cultrix, 1969.
INNIS, Harold A. O Viés da Comunicação. Tradução e notas de Luiz C. Martino. Petrópolis: Vozes, 2011.

Trechos para usar em sala de aula:

 

REFERÊNCIAS:

MCQUAIL, Denis, Teoria da Comunicação de Massas, Lisboa, Gulbenkian, 2003.
MEYROWITZ, Joshua. As múltiplas alfabetizações midiáticas. Revista FAMECOS, Porto Alegre, nº. 15. 2001. Disponível em: http://www.pucrs.br/famecos/pos/revfamecos/15/a09v1n-15.pdf
SERRA, J. Paulo.Manual da Teoria da Comunicação. Covilhã: Universidade da Beira Interior, 2007.
SOUSA, Pedro. Elementos de Teoria e. Pesquisa da Comunicação e dos Media. Porto; Edições Universidade Fernando Pessoa, 2003, 2 ª edição revista e ampliada. Porto: EUFP, 2006.